quarta-feira, 9 de junho de 2010

Órfãos do Crack! E nós com isso?


Por Luiz Fernando Oderich

Presidente da ONG Brasil Sem Grades


Zero Hora fez excelente matéria sobre as crianças órfãs de mães usuárias de crack. A pergunta é: E nós com isso? Fazer o quê? Providenciar mais orfanatos, criar um novo imposto para atender esse novo problema, destinar mais verba para a saúde?


A legislação brasileira sobre Planejamento Familiar é muito boa. Ela pressupõe a liberdade de o indivíduo escolher quantos filhos deseja. Não há, como na China, uma imposição do Estado sobre o tamanho da prole - o chamado controle da natalidade. Entretanto, o problema da drogadição traz-nos um aspecto novo. O que fazer quando as mulheres são tomadas pela droga, em particular o crack? Se as estatísticas falam em um milhão de usuários no Brasil, pelo menos podemos esperar trezentas mil moças em idade fértil entre eles. Uma das formas costumeiras de sustentar o vício é a prostituição. Direta ou disfarçada. Dado o grau de alienação em que se encontram, não há como falar-se em usar a camisinha ou pílulas anticoncepcionais. A gravidez indesejada é corriqueira. Como ela não tem condição de cuidar sequer de si, acaba aparecendo o problema relatado pela reportagem de Zero Hora. Pagar mais essa conta? Essa é única opção que resta?


Defendo o uso do implante hormonal. É uma questão polêmica, pois o implante não previne a AIDS. A primeira constatação deve ser de que essas jovens não têm a responsabilidade de tomar diariamente pílulas anticoncepcionais ou solicitar que seu parceiro use preservativo. O implante hormonal, por ser um método de duração prolongada (um a três anos), evita este compromisso diário, que exige uma certa dose de responsabilidade. Muitas mulheres esclarecidas fazem uso desse implante, justamente por ser mais prático. É um método simples, que consiste na aplicação subcutânea e que tem como componentes os hormônios progesterona, estrogênio e androgênio. O hormônio é colocado em pequenos tubos de silástico (tipo de silicone), que são de 3 a 4 cm de comprimento e 3 milímetros de espessura.


Os órgãos públicos de saúde estão desestruturados para curar os dependentes de crack. A AIDS pode levar a morte, mas o dependente químico, de qualquer modo, já comprou uma passagem num trem expresso para chegar lá com rapidez. O implante protege os terceiros inocentes: os filhos dessas moças totalmente dominadas por essa droga maldita, e nós, a sociedade, que pode ser vítimas dos gestos tresloucados dessas pessoas. O que não podemos fazer é ficarmos omissos nessa questão tão delicada.





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