quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Quem matou a Juíza Patrícia Acioli?

Quem matou Patrícia é uma pessoa gentil, bem intencionada, politicamente correta, com os mais nobres propósitos da vida. É aquele tipo de pessoa que um dia achou que, no Brasil, os coitadinhos dos presos necessitavam um dia em sua homenagem. Lutaram por isso, e conseguiram que se criasse o “Dia do Detento”.
São aqueles que, levando às prerrogativas jurídicas às alturas, impedem que os bêbados soprem no bafômetro, são aqueles que fizeram essa legislação penal frouxa e aqueles que a querem afrouxar ainda mais.
O rei do Direito Penal Brasileiro é o criminoso. Ele é tudo! A ele devem ser dadas todas as regalias. Visita íntima e progressão da pena,sem levar em conta a periculosidade do infrator, instituída pelo Ministro Márcio Thomas Bastos, salário mínimo de R$ 862,00 para ficar sem fazer nada. Castigá-los? Não!
Dane-se o trabalho da Polícia Civil e Militar. Lixe-se o Ministério Público. Interesse social? Isso não existe. A sociedade gera esses excluídos sociais, portanto tem de aguentá-los no peito. Familiares enlutados clamam por Justiça, mas isso é um luxo pequeno-burguês que não cabe. Onde pensam que estão? Num país civilizado?
Não podemos magoar nem traumatizar o marginal. Portanto se a “cana” prendeu, solte imediatamente. E como fica a situação do policial militar que cumpriu a lei? De quem arriscou a vida para realizar a prisão? Não importa!
Choramos, e devemos chorar mesmo, a morte dessa brava juíza, pois não nos comove mais a morte de policiais e agentes penitenciários. Esses não dão mais notícia, tristemente já viraram rotina.
A juíza, pelo interesse maior da sociedade usava uma mão dura da lei para dar um fim à onda de impunidade. Lamentavelmente, a outra mão era obrigada a soltar presos, que, em qualquer outro lugar do mundo, apodreceriam para sempre na cadeia. Esses, por ódio e vingança, puxaram o gatilho.
À juíza Patrícia Acioli, o nosso respeito e a nossa homenagem em nome daqueles que querem um Brasil menos violento.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Geladeira para esquimó

Ninguém consegue vender geladeira para esquimó. Não importa quanta tecnologia tenha o produto, quão boa seja a campanha publicitária ou quão competente seja o vendedor. Ele não necessita do produto. Não existe a figura do consumidor e, quem trabalha com o comércio sabe: tudo começa e termina no sujeito mais importante dessa relação – o consumidor.
Trazendo essa ideia para a esfera das drogas, no Brasil, todas as estratégias que tratam do problema têm apenas o ponto-de-vista do vendedor. A injustiça social cria as favelas, que gera pessoas sem instrução e sem perspectivas de um trabalho decente, por via de consequência, elas se dedicam ao tráfico de drogas. Mas, se não existisse o consumidor, nada disso ocorreria.
Pensemos agora, não nos miseráveis que vendem os tóxicos, mas naquele sujeito de boa casa, que frequenta boas escolas, que tem renda para comprar esse tipo de produto.
O Dr. Sérgio de Paula Ramos, presidente da Sociedade Brasileira de Alcoolismo e outras Drogas fez uma tese de doutoramento para provar a seguinte premissa. Drogas tem relação direta com a ausência ou a omissão da figura paterna. As pessoas dizem querer filhos. Compram coisas para mostrar isso. Colocam na creche e na escola para mostrar que se preocupam com eles, mas não têm tempo para ouvir, abraçar, dar broncas e ver os filhos crescendo. A vida mede-se em cifrões e não em amor e paciência.
Há um imenso vazio na alma, que, futuramente, será preenchido por essas substâncias deletérias? Mais de 30 milhões de brasileiros não têm o nome do pai na certidão de nascimento. E isso seria o mínimo! A esse número poderíamos somar mais quantos omissos, ausentes, violentos e outros tipos de problemas. Tudo isso é uma enorme fábrica de carentes, não de bens materiais, mas de afeto. Se quisermos acabar com as drogas, teremos de gerar ações para diminuir o seu comércio ou, então, acreditar que um dia um esquimó comprará uma geladeira.