terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Cara Presidente, com todo respeito, discordo!

Adolescente, na década de 60, ajudava nas férias o departamento de pessoal a envelopar dinheiro vivo, para o pagamento dos funcionários. Ato contínuo, colocávamos sobre o balcão uma porção de canetas e algumas "almofadinhas" que serviam para atender aos analfabetos. Passados cinquenta anos, vi muitas creches, escolas, algumas até de tempo integral, e várias universidades serem construídas. Vi também nascer a merenda escolar, o vale refeição, o vale transporte, o vale leite, vale gás, bolsa família. Temos, claro, um oceano a percorrer até atingir um nível satisfatório de ensino, mas, olhando assim de longe, muita coisa melhorou. E a nossa criminalidade como ficou? Piorou e muito. Hoje temos quase três vezes mais assassinatos por cem mil habitantes do que naqueles tempos. E a campanha do desarmamento dos últimos anos? Também não trouxe qualquer alívio significativo. O avanço na educação e na redução da miséria não se transformou em melhoria na segurança pública, porque não existe essa relação direta que vive sendo apregoada. A senhora pode querer enraizar o fim da violência com incentivo à educação, mas a “escola da vida” que já definiu a mentalidade dos pais de jovens que hoje estão envolvidos com o crime, não vai mudar. E esses jovens veem seus pais impunes, se convencem de que o crime prevalece e acreditam que dependem dele para sobreviver. Como vamos convencer essas famílias que a ir pra escola, a essa altura do campeonato, vai ser mais produtivo a elas do que ganhar um bom dinheiro com serviços sujos? A formação social, relacionada diretamente ao cumprimento efetivo de penas rigorosas a quem comete crimes, é uma prioridade que está sendo esquecida. Primeiro temos que mostrar que o sistema funciona, para depois dar alguma credibilidade a nossa educação. Em São Paulo, são assassinadas 9,3 pessoas por cem mil habitantes. Lá, embora o gigantismo das cidades e do próprio Estado, as coisas melhoraram muito nessa década. No nosso amado Rio Grande, que se nega a construir novas cadeias e aumentar os efetivos policiais, nosso índice é de 16,3. Quer dizer que nossa situação social e educacional é 75% pior do que lá? Parabéns pela redução da miséria, parabéns pelos esforços em melhorar a educação e distribuição de renda. Infelizmente, a criminalidade no RS só cairá quando colocarmos as dez mil pessoas já condenadas, na prisão. Enquanto isso, elas farão o que sabem fazer - cometer crimes.