quarta-feira, 23 de maio de 2012

Um dia para comemorar?

Lá vamos nós para mais um dia de trabalho. O que em geral nos espera: muita ação, grana curta e pouco reconhecimento. Vez que outra, um pequeno afago – nossa profissão é reconhecida. Recebe um dia só para ela. Temos o Dia do Professor, o Dia do Médico, o Dia da Secretária ou, pelo menos, o Dia do Trabalhador, que atinge a todos. Nesse dia 24 de maio, se você for parecido comigo, irá trabalhar revoltado, sim, porque nesse país maluco em que vivemos alguém achou por bem criar o Dia do Detento, que amanhã se comemora. Sim, essa valorosa corporação que tanta infelicidade nos trás – roubando nossos pertences, sequestrando nossos familiares, matando nossos parentes e amigos, recebe nessa data uma homenagem especial. Talvez, com o nosso suado dinheiro façam um bolo nas cadeias para os hóspedes. Você se pergunta, mas o que estava havendo? Não basta eles receberem um salário mínimo maior do que quem está na ativa, batalhando honestamente? Você pensa então, deve ser para fazer média. Ser politicamente correto. Vai ver que para homenagear os taxistas que são assassinados à noite, os policiais que são baleados nas batidas, resolveram criar um Dia das Vítimas e agora estão contemporizando. Não meu amigo, as vítimas em nenhum momento são lembradas. Lambem suas feridas sozinhas e esquecidas. Carregam seus filhos paraplégicos, nos ônibus, para enfrentar as mesmas filas que todo mundo no INSS. Compram, com a solidariedade dos amigos, remédios caríssimos para tratar dos ferimentos feitos à bala. Não tem o seu dia, assim como ninguém faz o Natal dos órfãos de agentes penitenciários e de soldados da polícia, civil ou militar. Não consegui, até hoje, descobrir quem no Congresso Nacional teve essa infeliz ideia, mas digo que, nós que somos familiares de vítimas, repudiamos essa data com veemência.