quarta-feira, 30 de julho de 2014

O legado da Copa

Os médicos auscultam o coração, medem a temperatura, cruzam informações, requerem os exames, sempre com objetivo de obterem o melhor diagnóstico. A cura começa por aí: saber-se exatamente qual é o mal que aflige ao paciente. No que diz respeito à criminalidade, o brasileiro tem uma resposta. Todos respondem em coro – a culpa do aumento dos crimes reside na falta de educação e na má distribuição de renda. O Governo concorda com essa ideia, e, por isso, cria os “territórios da paz” e programas semelhantes. D’outra sorte, libera a nossa legislação já liberal por si, uma vez que não temos criminosos, mas excluídos sociais. Deixar frouxo o semiaberto e não controlar as tornozeleiras é consequência. Apesar dos inegáveis sinais de melhoria nos indicadores sociais dos últimos anos, a nossa taxa de criminalidade continua crescente. Aí surge a dúvida – o diagnóstico estará correto? Há muito tempo a ONG Brasil Sem Grades diz que, quando falamos em criminalidade, a educação que nos falta é aquela que se adquire em casa. Temos de cumprir com nossas obrigações e respeitar os direitos alheios. Coisa de pai e mãe, coisa de berço. Por outras razões, é óbvio que precisamos melhorar a nossa educação e a distribuição de renda. A outra vertente é infundir respeito às autoridades e às leis. Mostrar ao infrator que seus atos terão consequências. Isso se faz com policiamento ostensivo nas ruas e vagas nas cadeias. São Paulo que persegue esse modelo tem os melhores índices de violência, mercê de seu tamanho enorme e das grandes diferenças sociais. Nunca se viram tantos policiais em Porto Alegre como nos últimos dias. A Brigada Militar recebeu inúmeras câmeras para fazer monitoramento eletrônico. A pergunta é: como ficaram os nossos índices de criminalidade? Reduziram-se ou não na grande Porto Alegre? Quem tem razão afinal? Para nós, o legado da Copa indica que o cerco aos criminosos e o controle da impunidade funcionam. Para muitos, o mais difícil de tudo talvez seja aceitar isso.

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